MENOS PEIXE.

Estudo mostra que 30% das populações de peixes estão próximas da extinção. 

A reportagem é de Rafaela Bortolin e publicada pela Gazeta do Povo, 21-07-2012.

 

 

Estoques de peixe estão no limite. No Brasil, pescadores já sentem os efeitos e especialistas culpam a extração descontrolada.

A pesca no mundo está chegando ao limite e a tendência, segundo os especialistas, é de que, sem controle da produção e do consumo, o cenário fique cada vez pior. Segundo um relatório publicado na semana passada pelo Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), 30% dos peixes do mundo são superexplorados (e podem desaparecer) e outros 57% estão próximos do limite de extração sustentável.

No Brasil, a situação é bem parecida. “A tendência é acreditar na fartura dos estoques e achar que se pode pescar no Brasil como se os recursos nunca fossem acabar. Precisamos racionalizar a pesca e o consumo porque a situação está entrando em colapso”, alerta o biólogo e especialista em políticas públicas para o meio ambiente Tom Grando.

Esse esgotamento das reservas, segundo o coordenador do Grupo Integrado de Aquicultura e Estudos Ambientais da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Antonio Ostrensky, se deve a um conjunto de fatores, mas principalmente à própria atividade pesqueira.

Com equipamentos mais eficientes e cada vez mais gente vivendo da atividade, os pescadores apanham espécies menores ou peixes muito novos, que ainda nem se reproduziram, não há tempo para que os estoques sejam repostos e o número de peixes diminui. “No Brasil, temos uma produção que, em números, está estável e até cresceu em volume, em comparação com a década passada, mas pegamos peixes cada vez menores e mais baratos”, diz.

Nos mares, uma grande vilã é a pesca industrial descontrolada. “Na pesca do atum, é comum o barco pegar tubarões, golfinhos e tartarugas. Além disso, basta observar os barcos que passam redes pelo fundo do mar para pegar camarão. Eles arrebentam todos os ecossistemas ali e matam pequenos peixes que ficam agarrados às redes”, diz Ostrensky. Nos rios, o impacto também é causado pela alteração dos ambientes, principalmente devido à instalação de usinas hidrelétricas.

 


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